domingo, 9 de fevereiro de 2014

UM TAL GIGANTE


Olá, visitante.


Em junho de 2013, quando eclodiram as manifestações de rua em quase todo o país, escrevi o poema que segue, o qual foi publicado na coletânea de poemas Poesia do Brasil - Volume 17, coordenada pelos poetas e ativistas culturais Ademir Antonio Bacca e Cláudia Gonçalves. 

Esse volume reuniu poemas de nada menos do que 69 poetas de vários lugares do Brasil e contou com a participação especial de Affonso Romano de Sant'Anna, Alice Ruiz, Colmar Duarte, E.M. de Melo e Castro, Ferreira Gullar, Manoel de Barros e Marina Colasanti.

A coletânea é publicação diretamente ligada ao Congresso Brasileiro de Poesia - em 2014 se encaminhando para a sua XXII edição - promovido pelo Proyecto Cultural Sur Brasil, que ocorre anualmente na simpaticíssima cidade de Bento Gonçalves, nas Serras Gaúchas.

Por oportuno, tão inquestionável o rebuliço (quantas lacunas a preencher em relação aos tantos fatos que o evidenciam!) em nossa Pátria, hoje entendi de trazer esse poema para meu blog, como um marco na existência dele: definitivamente, a partir de hoje, ele não será mais esquecido. Retomo-o, com o desejo inflamado de fazer o que informo na parte superior dele: ser o meu espaço para minhas opiniões, minhas avaliações sobre "esse mundo, vasto mundo" que nos rodeia.

Até a próxima postagem.




UM TAL GIGANTE
Chico Araujo

quem despertou por agito
o gigante adormecido?
de novo o Ipiranga,
num outro grito?
o mundo asiático,
exemplificativo?
o canto europeu,
inspirativo?

quem retirou esse país
de seu berço esplêndido?
uma consciência oportuna,
uma confusa inocência?
uma juventude consciente,
radicais oportunistas?
desejos pueris e débeis,
necessidades incontidas?

quem colocou esse país
no foco da televisão?
interesses escusos,
sonhos, imaginação?
a força de gente unida,
bravo povo em destempero?
uma pauta de inquietudes,
num pensar em desespero?

quem jogou esse país
num roteiro de surpresas?
conduziu? foi conduzido?
consciente? traído?
maduro insatisfeito?
imaturo sem freio?
nos enredou numa história
pautada por malvadezas?

quem abriu nesse país
os olhos de quem pouco via?
o poder puro da rebeldia,
o jogo malicioso do Poder?
traduziu aspirações inequívocas,
projetou sem muito saber?
arrematou a adesão de todos,
desatinou entre tanto querer?

quem chacoalhou esse país
está sabendo observar
que as ações que se desdobram
já se perdem em blá blá blá?
quem acordou o meu país?
quem o está virando pelo avesso?
conseguirá alcançar o seu intento,
ou sua voz será calada pelo tempo?

2 comentários:

  1. Respostas
    1. Esta composição traduziu o momento do país e mostrou a sua maturidade enquanto intérprete do cotidiano. Parabéns

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