segunda-feira, 9 de agosto de 2021

Porque falar de amor é preciso

Por Chico Araujo

em 09/08/2021

Print de cena do show Ouro de Mina, com Vinicius Vilas Boas, Edinho Vilas Boas e Yayá Vilas Boas

Cineteatro São Luiz - 08/08/2021


Já de começo, todos são "Retumbante". Um som muito intenso, concentrado, acompanhado por gestos da mão e do braço direitos ecoa na voz em capela afinada de Yayá. Logo em seguida, os versos da segunda estrofe, ainda com a voz única de Yayá, recebem as cordas de dois violões em um diálogo de acordes perfeitos - um diálogo amoroso e musical de pai e filha -, enquanto pratos tinem sons distintos, espaçados e exatos - é Vini, que se insere na formação triádica do espetáculo. E na terceira estrofe pai e filha a cantar em duas vozes que se completam, justas, cálidas - acenos de carinho e felicidade. No começo, todos fomos "Retumbante".

Edinho, Yayá e Vinicius Vilas Boas, a tríade musical no palco do Cineteatro São Luiz, oferecendo parte de toda a musicalidade de que são possuidores aos papais na data comemorativa a eles. Aos papais e a todo o público presente de maneira virtual. Um novo arranjo foi composto por Edinho Vilas Boas para essa sua música já bem conhecida, o que abriu espaço para um trecho plenamente instrumental de muita felicidade harmônica entre a percussão do cajon de Vinicius e os violões tocados por pai e filha. Edinho e Yayá aparceirados em instrumentos e vozes. Sinergia. Integração. "Caia num tom que não caia ou caia no mar / Saia debaixo da saia da preta / Dança, segue o bumbo, vai no prumo / Pode deixar que eu arrumo a casa e a mesa". E arrumaram, seguiram certeiros e nos arrumaram a cena de rara beleza. Belíssimo presente.

Yayá Vilas Boas, jovem cantora e compositora, muito segura de sua voz e do violão por ela tocados no evento. Um charme, sua voz entre doce, suave e rebelde, em "Naquela mesa", composição do jornalista Sérgio Bittencourt para homenagear, de maneira saudosa, o pai, Jacob do Bandolim, enquanto Edinho seguiu no seu violão e Vini chegou-se ao pandeiro. Ahhh, quem não viu precisa ver "Ouro de Mina", apresentação que se abrigou no projeto Dentro do Som, realizado pelo Cineteatro. E vendo, preste atenção na interpretação de pai e filha em "Pra você", música de Edinho Vilas Boas, oferecida especialmente ao pai desse artista cada vez mais firme em sua trajetória musical.

Conhece "O mundo é um moinho", de Cartola? Pois imagine aí ouvir essa composição em uma roupagem nova em que cabem em perfeição as vozes de filha e pai e o violão dele. Aliás, não se permita apenas imaginar; ver os dois dividindo estrofes nessa cantoria é algo encantador, tamanha a sutileza do momento, das vozes, dos olhares, dos gestos. Mas não se contente. Prepare-se, em verdade, para ouvir / assistir, logo após o mencionado clássico da Música Popular Brasileira, novamente os três grandes artistas em "Para ser amor", outra pérola de Edinho Vilas Boas. É um novo instante em que se vê pai e filha em perfeita harmonia de vozes e de violões, porém, desta feita, engrandecidos pelo som do violino do multi-instrumentista Vinicius.

"Amar-te", feliz parceria de Edinho e Raul Maxwell, põe agora no palco o próprio Edinho, com seu violão, Yayá, somente com sua voz, e Vinicius, agora na bateria. Uma canção (um lamento?) cuja letra destaca imagens sugestivas de um trânsito profundo entre o amor, o prazer e o sofrimento, o sofrimento, o prazer e o amor. Em "Versos do acaso", parceria de Edinho e Yayá, letra dela, música dele, testemunhamos, mais uma vez, a sintonia dos três artistas, pai, filha, filho, irmãos, Yayá soltando um pouco mais a voz ao estilo do rasgado do Rock. Em "Brado", Vini, na bateria, marca o compasso para o pai soltar sua voz em companhia de seu inseparável violão.

"Oitavo mar" põe novamente no palco a compositora Yayá Vilas Boas que, nessa composição em parceria com Gabriel Nascimento, propõe uma mescla de ritmos e estilos, porém destacando fortemente uma pegada de Rap, de Hip Hop. Enquanto canta, é acompanhada pela percussão de Vini, pelo violão de Edinho e pela bateria eletrônica do convidado Jeferson Portela, que nas últimas músicas do show assume a percussão. Esse encontro musical da família Vilas Boas se encerra com a música "Terra do Fogo", outra parceria de Edinho com Maxwell. Escute-a bem. Escute-a bem.

Repito, contrariando o professor que caminha comigo: "Ahhh, quem não viu precisa ver "Ouro de Mina". Clica no link aqui embaixo, clica! As cortinas desse belo espetáculo se abrirão a você.



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